Monday, September 25, 2006

Geração Beat: Fenômeno comportamental ou literário?

"Aí está uma questão que, tantos anos depois, continua sendo dirigida contra os autores Beat e támbem contra seus apreciadores, leitores comentaristas e estudiosos. No entanto, trata-se de uma falsa questão. No fundo dela, repousa uma esquizofrênica divisão entre arte e vida, literatura e comportamento. Está é exatamente a divisão que Ginsberg, Kerouac, Burroughs, Corso Ferlinghetti, Snyder, McClure e Lamantia, cada qual a seu modo, tentaram ---- e conseguiram ---- ultrapassar. Em suas obras, encontramos textos que falam do que eles estavam vivendo; nas suas biografias, vidas coerentes com suas idéias, suas visões de mundo e concepções literárias.
A insistente indagação é, na verdade, uma acusação. E como se fossem incriminados e culpabilizados por terem vivido intensamente; principalmente, por não só terem experimentado drogras, cruzado algumas vezes a fronteira da loucura, delirado de várias formas, tido diversos tipos de problemas com a polícia e suas vidas sexuais e amorosas serem ricas e diversificadas, mas, principalmente, por terem falado abertamente de tudo isso, nas suas obras e fora delas também. Por trás da acusação, há um enunciado implícito, algo como "está vivendo, por isso não pode ser um grande escritor", o corolário de um absurdo teorema pelo qual se tenta demonstrar que arte não é vida..."
(Alma Beat – Ensaios sobre a Geração Beat LePM. editores)
Cláudio Willer poeta e ensaísta. Mora em São Paulo

No comments: